Rosa negra
Ao percorrer um jardim exposto na rua
Uma rosa negra atraiu meu vago olhar
Pétalas escuras que reluziam com o brilho da lua
De uma forma especial conseguia se destacar
Não era igual às outras flores, criadas
Para se tornarem cópias igualadas
Baseadas num modelo imposto de beleza
Modelo esse de beleza artificial e destrutivo
Homogenizando as flores num grande ciclo repetitivo
Distorcendo a diversidade da própria natureza
Mas para meu espanto, no olhar de outras pessoas
Aquela rosa não era tão bela quanto eu dizia
Pois nesta linda negra rosa não havia
As propriedades padronizadas de uma beleza insossa
Tolos de visão embaçada pela mediocricidade
Enxergam apenas com suas pupilas gastas
Pois a beleza externa se apodrece com a idade
E belezas repetitivas enojam por serem forçadas
E quando a beleza preenche o ser interior
Ela ocupa até os recôndidos da célula
Essa beleza extravassa para o ser exterior
Deixando mais belo o que antes já era
Diferente de certas flores que exalam chorume
Ó rosa negra, tu liberas um magnífico perfume
E isso me faz declarar com o mais puro afeto
Que o diferente é que é deliciosamente belo!