terça-feira, 17 de maio de 2011

Porque não falar de amor...
















Descrição cardiológica


Numa longínqua câmara que se esconde em meu corpo
Existe um artefato chamado meu coração
Há momentos em que ele se assemelha a uma quimera
Em outros não parece orgânico, e sim composto de pedra
Mas o sangue que o impulsiona é principalmente a razão

Ó quimera! Leão, águia e cobra constituem teu corpo
Leão por ser imponente na sua personalidade
Águia por amar a mais justa liberdade
Cobra por esconder um veneno mostrado a poucos

Coração de pedra a frieza é tua sina
Tu foste mineralizado por decepções e erros
Esse é o escudo que o protege de paixões impulsivas
E sentimentos que no fundo não são verdadeiros

Não sou averso ao sentimento
Muito menos a um sério e duradouro relacionamento
Apenas deixo minha racionalidade se superar
Pois se o coração se engana, sou eu o preço quem vai pagar

Mitocôndrias, plaquetas, mitose
Compartilham a função de regeneração
Mas nenhuma maravilha orgânica pode
Regenerar um ferido coração

Mesmo tendo inclinação à insanidade
Uma loucura sem propósito não cometerei
A maior das loucuras, amar quem não te ama
A quem me ama, a essa sim amarei


domingo, 15 de maio de 2011

Ódio


















Sede

Eu tenho sede de justiça
Minha boca seca pede água de juízo
Que venha uma torrente clara e limpa
Para lavar a sujeira deste mundo perdido

Não me permito ignorar tamanha situação
Meu sangue logo entra em ebulição imediata
Vendo porcos imundos portando uma gravata
Vomitando decisões ancoradas em corrupção

Pequenos pardais famintos roubam poucos feijões
E logo são brutalmente massacrados
Enquanto hienas trucidam inocentes e roubam milhões
E permanecem impunes com seus erros ignorados

Nada sou para querer alguém julgar
Minha mão e minha pena estão sujas de sangue
Porém minha alma se inquieta e não posso me calar
A revolta no meu peito parece ser uma constante

Ah! Como desejo que a justiça um dia
Venha como saraiva fulminante em nossos corpos
A injustiça se desintegre na frente dos meus olhos
E minha sede se aplaque como num gole de água fria

sábado, 7 de maio de 2011

Paradoxo









Paradoxo

Minha mente é um paradoxo
A ambigüidade me consome
Eu sou um verme, eu sou um herói
Eu sou simplesmente um homem

O que sou eu?
O que é você?
Simples átomos de forma complexa a se agrupar
Ou uma massa orgânica portando uma alma a sonhar

Bate, bate, bate
A sucessividade dos segundos
Bate, bate, bate
A morte se aproxima em ritmo mudo

É a transitoriedade da matéria
Que no final vira pó, barro e lama
Assim o que importa é o espírito
Seus valores são a sua esperança

A fragilidade do meu corpo deteriorado
É compensada pela força do espírito
O meu carbono pode um dia ter sido inanimado
Mas minha alma nasceu e continuará comigo

Eu só queria acreditar
No que não posso entender
E entender
Que certas coisas não irei saber
Pois só sei que o que eu sei
É um quase-nada por assim dizer
Então às vezes me pergunto
O que é realmente saber?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vai-e-vem político



O povo e o político


Povo                                          político
Povo voto                                  político
Povo voto político
Povo                                  voto político

Povo                                          político
Povo dinheiro                            político
Povo dinheiro político
Povo                            dinheiro político

Povo                                           político
Povo justiça                               político
                               Povo justiça político
Povo raiva                imunidade político
Povo revolta                               político
                              Povo revolta político
                              Povo revolta sumiu!!